sábado, 7 de dezembro de 2013

Ventos de Felicidade

Como o sol que sai aos poucos, timidamente, em um dia que nasceu cinza, a felicidade vai aparecendo, preguiçosa e lentamente, qual criança que, envergonhada, se mostra e se esconde.
Você a vai conquistando, não como consequência dos acontecimentos, mas apesar deles.
E esta descoberta é irracional. Você começa a se sentir feliz pelas pequenas coisas, sem pensar, sem cobrar de si mesmo a felicidade.
O sol que sai, a flor que se abre, o leite que não derrama no fogão, o cabelo que está inexplicavelmente bonito hoje... Tudo isso te faz querer dançar, cantar, sorrir.
De repente, não existem mais condições para ser feliz.
Danem-se o atraso, as contas, o novo amor que não chega.
Danem-se os dias de introspecção. A felicidade mora neles também.
Você se pega rindo de si mesmo, rindo do que deveria ser motivo para um palavrão, do que deveria ser motivo para se entristecer.
Mas não, não falo da imposição dessa felicidade dos comerciais e revistas.
Ninguém tem obrigação de ser feliz. Ninguém tem obrigação de sorrir o tempo todo. Só de ser educado.
Mas essa felicidade de que eu falo não é pra ficar exibindo como prato caro no Instagram.
É mais aquela de café e bolo quente no café da manhã, sem xícara chique nem nada.
É só aquela felicidadezinha de que você quase se esquece, porque está sempre ali, como aquela sensação gostosa de acordar e se espreguiçar ainda entre os lençóis quentinhos.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Tormenta de Emoções

As palavras não surgem do nada, como um coelho sai de uma cartola.
As palavras se formam.

Primeiro, surge um sentimento.
Pequeno, singelo, quase como uma nuvenzinha sem importância em um céu completamente azul.
Novas situações e pensamentos vão, aos poucos, transformando este sentimento.
Ele começa a se expandir, deixa de ser tão branquinho e se torna cinza.
O vento de sua respiração sopra mais forte. Algumas flores e folhas cairão, inevitavelmente, das árvores.

Se permitir que as palavras saiam agora, não passarão de uma garoa, mas se continuar a guardá-las, há o risco de que as nuvens lhe arrebentem a garganta.

Então, quando menos se espera, o sentimento está imenso, tomando conta de todo o céu, quase negro. E ele ainda tem forças para crescer.
Raios de lembranças rasgam o céu da mente.
Sonoros trovões de pensamento fazem tudo estremecer.

É uma tormenta de emoções. Uma tempestade da alma.

Você ainda tenta conter tudo isso dentro de si, mas, quase contra sua vontade, as palavras começam a sair em torrente.

O vento já não deixa nada no lugar.
As nuvens rodopiam no céu em fúria.

E as palavras caem impiedosamente sobre o papel.